Mais de 50 mil pilotos foram internados; dados são do sistema DataSus
Por Silvana Tognini
São os trabalhadores mais vulneráveis no trânsito, dividindo pistas com carretas, caminhões de cargas, ônibus, vans, veículos de pequeno e de grande porte e, não à toa, internações de motociclistas no SUS (Sistema Único de Saúde) aumentaram 14% nos quatro primeiros meses de 2024, segundo o sistema DataSus, do Ministério da Saúde (e o ano ainda nem acabou).
O aumento no número de motocicletas nas ruas brasileiras saltou de 18 milhões, em 2013, para 32 milhões, em 2023, de acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran).
Hoje, é muito mais comum brasileiros trabalharem com sistemas de entrega, principalmente em aplicativos de alimentação.
Segundo estudo de 2022, realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), a pedido da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), cerca de 1.660.023 pessoas trabalhavam em plataformas de entregas rápidas.
Além da perda inestimável de vidas, cada internação em 2023 custou a média de R$ 1.561,31, com gasto total de R$ 221,5 milhões no ano, impactando diretamente os cofres públicos. Até abril deste ano, foram gastos R$ 80,5 milhões, segundo o Ministério da Saúde. O dado corresponde apenas ao tratamento das vítimas.
O tempo de recuperação de um acidente de moto pode ser longo, variando de meses a anos, com cirurgias e fisioterapias constantes, ou seja, é um processo que não só afeta a vítima diretamente, mas também sobrecarrega o sistema de saúde, e tem impacto socioeconômico significativo.
É fato que muitos trabalhadores, neles incluídos os funcionários públicos, utilizam a moto como veículo de transporte devido à economicidade, praticidade e rapidez que ela oferece.
Portanto, é relevante que órgãos públicos promovam políticas públicas e, periodicamente, campanhas de conscientização sobre segurança no trânsito.
Motociclistas, motoristas e Sociedade - a responsabilidade em preservar vidas é de todos nós.
Silvana Tognini é professora doutora na área de enfermagem, conselheira da AFPESP e representante da associação na Comissão Consultiva Mista (CCM) do Iamspe.