Alzheimer é uma doença nova? Sempre existiu?
Por Ulysses Francisco Buono
Em 3 de novembro de 1906, Alois Alzheimer, um psiquiatra alemão, apresentou um caso em um congresso científico na Alemanha. Tratava-se de um caso de uma mulher de 50 anos que apresentava perda progressiva de memória, desorientação, distúrbio de linguagem, agressividade e confusão mental.
Nesse caso, muito bem documentado para a época, o médico observou placas distintas e emaranhados neurofibrilares no cérebro da paciente, ou seja, dentro dos neurônios – as nobres células cerebrais. Hoje sabe-se tratar de uma proteína beta-amiloide que invade as células cerebrais, impedindo a perfeita comunicação entre os neurônios, ocasionando toda a sintomatologia clinica.
O médico Alois Alzheimer morreu de insuficiência cardíaca em 1915, e, em sua homenagem, a doença passou a se chamar Doença de Alzheimer.
Segundo a OMS, a Doença de Alzheimer corresponde a 60/70% de todas as doenças mentais.
As placas amiloides passaram a ser atualmente identificadas em todos os pacientes com a doença e o combate a essas placas se tornou o objetivo e esperança para uma cura. Pelo menos até agora.
Em 2021, o Food and Drug Administration (FDA), semelhante à nossa Anvisa, autorizou (e abriu uma esperança imensa) a utilização de uma droga, a Aducanumab, a primeira droga contra o Alzheimer desde 2003.
A expectativa foi imensa, pois essa droga realmente faz diminuir a quantidade de substância beta-amiloide no cérebro. Seria a cura definitiva? Mas infelizmente, apesar de fazer diminuir sensivelmente a substância acumulada no cérebro, não faz melhorar os sintomas da doença já adquiridos. Estes sintomas permanecem. Muitas tentativas com outras drogas têm sido tentadas, mas nada em definitivo.
Como evoluirá a doença?
Sabe-se que a doença predomina massivamente em pessoas mais idosas.
Vamos ver agora a evolução da população mundial e a idade média de expectativa de vida:
Pelos dados acima, podemos observar a evolução fantástica da população mundial e o aumento vertiginoso da expectativa de vida, ocasionando a grande classe dos mais idosos.
Considerando-se o fantástico crescimento populacional e o enorme crescimento das faixas dos mais idosos, bem como o desenvolvimento sem precedentes da tecnologia médica, incIuindo a área diagnóstica, temos que conscientizar essas faixas para melhor enfrentarem e desfrutarem o melhor possível desse período da vida.
Algumas recomendaçoes para todos, em especial àqueles que estão adentrando ou já entraram na “melhor idade":
- Visitas periódicas ao seu médico;
- Controles laboratoriais;
- Estilo de vida saudavel;
- Praticar exercícios rotineiramente;
- Controles de pressão;
- Controles de diabetes;
- Manter a mente ocupada com coisas que fornecem prazer;
- Convívio com amigos e conversas saudáveis e alegres.
Ulysses Francisco Buono é coordenador de Assistência à Sáude. Atuou como médico gerente geral da Interclínicas durante duas décadas e como consultor do diretor de saúde da Porto Seguro por 11 anos. Graduou-se pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo em 1971 e concluiu residência médica pediátrica em 1973.