Durante a pandemia, categoria foi essencial em áreas como educação, segurança, limpeza pública e, principalmente saúde
O dia do Servidor Público, celebrado neste dia 28 de outubro, terá significado ainda mais especial neste ano de 2020, marcado pela pandemia global de Covid-19. Afinal, foram - e ainda são- os servidores públicos os responsáveis por manter em funcionando serviços essenciais durante a pandemia, como segurança, educação, limpeza pública e, principalmente, a saúde. O termo “serviços essenciais” nunca esteve tão bem representado como em 2020.
Além da importância do Sistema de Saúde Único (SUS) no atendimento e prevenção à doença, são os servidores das esferas federais, estaduais e municipais os principais responsáveis pelas pesquisas de remédios e vacinas para enfrentar o coronavírus, consolidando uma tradição que tornou o Brasil referência mundial nos programas de imunização em grande escala. Segurança, limpeza e educação foram setores igualmente relevantes mantidos pelo serviço público.
“O servidor e as instituições públicas estão sendo essenciais no combate à pandemia de Covid-19, em todas as frentes de atuação. Certamente, teríamos dificuldades muito maiores para enfrentar a doença não fosse o trabalho incansável de todos os agentes envolvidos”, afirma o presidente da AFPESP, o médico Álvaro Gradim. Para o presidente, a pandemia reforçou ainda mais a necessidade de investimentos para melhorar cada vez mais a qualidade e as trabalho do serviço público.
Foi o caso de profissionais como a enfermeira Maria Aparecida Oliveira Batista, do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), que enfrentou a pandemia de Covid-19 desde a sua aceleração, no começo do ano. “Foram dias e dias de treinamento. Chegávamos por volta de sete horas e não tínhamos horário para ir embora”, conta Maria Aparecida.
Ela relata que os primeiros atendimentos não foram fáceis. “Embora sejamos profissionais, havia o medo também por estar ali na linha de frente sem saber se estaríamos nos contaminando e levando isso para as nossas famílias, mesmo com todo o treinamento e a paramentação que a instituição ofereceu”, conta a enfermeira e servidora pública.
Servidores que, inicialmente, nem estavam na linha de frente no combate à Covid acabaram se mostrando essenciais, como a sua colega de HSPE, a terapeuta ocupacional Tatiana Vieira do Couto. “No dia 22 de abril- eu guardei porque é o Dia do Descobrimento do Brasil - fiz uma brincadeira que aqui no hospital [HSPE] foi o Dia do Descobrimento da Terapia Ocupacional. Começamos a atender nas enfermarias de Covid e, um pouquinho mais para frente, nas UTIs.Com o tempo, a atuação da terapia se tornou quase imprescindível no hospital. auxiliando em muito os pacientes internados a se recuperarem, plenamente, além do apoio aos familiares”, conta Tatiana.
Limpeza
“Manter serviços como a limpeza pública também se mostrou um grande um desafio, sobretudo durante o período mais crítico da pandemia”, conta Tamiris Gonçalves, gerente de Concessões e Permissões da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb). “A gente precisa manter a cidade limpa. É uma questão de saneamento e saúde. Era importante tirar o resíduo da casa das pessoas, porque a população começou a ficar em casa. Foi fundamental manter a casa do cidadão em boas condições. E isso acontece quando a gente faz a coleta do resíduo dentro do horário e da normalidade. Isso não poderia ter sido alterado”, diz ela.
A gerente da Amlurb lembrou que manter a rua limpa também foi de extrema importância. “Por mais que tenha sido decretado o isolamento social, algumas pessoas tiveram que sair para o trabalho, esperar nos pontos de ônibus e usar o metrô”, lembra Tamiris.
Cidadania
Outro grande desafio foi o enfrentado pelo delegado do IIGR(Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt) - órgão da Secretaria da Segurança Pública - Mitiaki Yamamoto, que teve que organizar um atendimento para socorrer a população da capital quando até o Poupatempo (outro serviço público) estava fechado por conta da pandemia. “As pessoas precisavam de documento para dar entrada no Auxílio Emergencial, procurar emprego e acabaram entrando na fila também”, contou o delegado.
Yamamoto destacou que o departamento também auxiliou pessoas de outros municípios que vieram até a capital para tirar a carteira de identidade. “A fila dobrava o quarteirão. Todo o nosso pessoal se revezou para esse atendimento. Ficamos com essa demanda até agosto”, recorda o delegado.
Exemplo
A professora da rede pública teve que se desdobrar e usar a criatividade para enfrentar os efeitos da pandemia na educação, que paralisou as aulas presenciais e criou uma necessidade de última hora em desenvolver ensino à distância.
“A princípio eu produzi vídeos com as aulas que seriam transmitidos pelo único canal que tínhamos, que era o Whatsapp. No entanto, o vídeo ficou muito pesado e aí surgiu a ideia de fazer um canal no Youtube”, contou a professora.
Apesar de todas as dificuldades, ela ficou satisfeita com o resultado e aposta nos frutos de seu trabalho como professora da rede pública. “A gente pode mudar o futuro delas.Se você mostrar o entusiasmo em tudo que fizer, está plantando essa sementinha nessas crianças e elas vão germinar, crescer e um dia teremos grandes profissionais”, diz. “Ser professor é servir o melhor que temos pra essas crianças”, resume a servidora pública.
AFPESP lança série de entrevistas em homenagem ao Dia do Servidor Público
A AFPESP acompanhou o dia a dia de servidores públicos que foram impactados pela pandemia do novo coronavírus, seja porque estão na linha de frente do combate à doença ou porque se reinventaram profissionalmente para continuar servindo à população.
Uma enfermeira, uma terapeuta ocupacional, uma gerente de concessões e permissões da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb), uma professora e um delegado nunca foram tão essenciais. Acompanhe a partir de hoje as entrevistas com esses servidores públicos e descubra como cada um deles tem feito a diferença neste momento crucial para a humanidade.
Assista a 1ª parte.