Falecido há um ano, Amorim foi um dos primeiros diretores da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta e diretor do Fórum de Jundiaí
Por Redação
O presidente da AFPESP, Artur Marques, prestou uma homenagem ao desembargador Antonio Gomes de Amorim, falecido no dia 12 de maio de 2021.
Amorim foi um dos primeiros diretores da Faculdade de Direito do Centro Universitário Padre Anchieta e diretor do Fórum de Jundiaí.
Confira abaixo o discurso proferido durante evento realizado na Associação dos Servidores de Justiça de Jundiaí, em 27 de outubro de 2021.
“Homenagear o Amorim é reverenciar a simplicidade.
Ele era assim: um homem bom e simples.
Não era dado a protocolos e nem gostava das finesses sociais. Era tranquilo com todos os seus afazeres. Não tinha pressa e ignorava as pressões. Sabia lidar com o mal-feito. Afastava incrédulos e inescrupulosos e o fazia com tal lisura e fé, que os deixavam atônitos.
Não era de falar alto, sua inteligência não permitia. Não era agressivo com ninguém. Tinha sabedoria para não se envolver nas artes das filigranas e da hipocrisia. Tinha o tempo a seu favor. Não sabia dizer não, mas refutava com sutileza os assédios nem sempre republicanos.
Sua vida na magistratura também foi de um brilho invulgar. Fez de Jundiaí a sua terra e tudo começou quando aqui tomou posse nesta comarca como Juiz Substituto.
Promovido aos vários degraus da carreira, lembrava-se com frequência, de sua 1ª Entrância, naquela época em Guariba. Lá trabalhou com o Paulo Leitão, de quem se tornou compadre e de vez por outra retornavam, como ele dizia: para festejar, pois o carneiro daquela região era muito saboroso e as pessoas o sabiam prepará-lo.
Passou rapidamente por Conchas, em 2ª Entrância e foi promovido a 3ª Entrância em Jaboticabal. De lá removeu-se para a nossa cidade, onde fixou-se com sua família e por aqui permaneceu até aposentar-se como Desembargador e até o seu falecimento.
Quando esteve no Tribunal de Alçada teve como estagiário, um acadêmico, Mauricio Fossen, cuja mãe Maria Alice se acha presente e que aproveito para homenageá-la. Tenho certeza de que o Maurício também desfrutou de muitos ensinamentos do Amorim.
A magistratura empolgava o Amorim. Ele foi meu predecessor, meu professor de Direito Penal por 3 anos e de Juiz.
Sim! Foi ele e com ele que aprendi a judicar desde o meu noviciado como substituto em Jundiaí.
Além de professor, amigo e companheiro de todas as horas, era meu confessor e conselheiro. Sabia orientar e pacificava as angústias do iniciante.
Como professor gostava dos seus alunos e tratava todos com muita igualdade.
Com Jorge Luiz de Almeida, Weiss de Andrade, Muzaiel, Luiz Haroldo, Viana, Fuinha, Danilo, Vera, Piva e vários outros professores e alunos participávamos de churrascos e festas.
Era o Arlindo o grande incentivador desses encontros tão bem organizados e que o faz até hoje, como estamos vendo aqui junto com a Marilena.
Depois de algum tempo Amorim nos convidava para a sua casa na Malota onde sempre éramos muito bem recebidos por dona Regina, com sua delicadeza e bondade, além dos quitutes.
E esses encontros, como o de hoje, tinham que ser muito alegres, pois Amorim sempre espraiava com sua personalidade o bem querer.
Seus amigos e admiradores gostavam muito de tê-lo por perto. Não em função de seu cargo, mas porque era despido de vaidade.
Amorim agregava pessoas e com generosidade cristã sabia liderá-lo. Como Diretor do Fórum de Jundiaí, além de sua tarefa jurisdicional, encontrava tempo para formar e participar do time de futebol, sempre revelando “craques” e participando das disputas, interagindo com outras comarcas.
Realizava a Páscoa da Família Forense, finalizada sempre com festivo churrasco e ampla participação de todos. Também foi dirigente do Concílio de Cristandade sob a supervisão do primeiro Bispo de Jundiaí Dom Gabriel Paulino Bueno Couto.
Formou com amigos a Barraca Portuguesa na Feira da Amizade, ponto central de encontro de benemerência e da qual também foi o seu Presidente, sempre trabalhando em prol dos necessitados.
O Black Power, com reuniões imperdíveis todo final do ano, no último dia, capitaneado pelo Doutor Benedito Lima Filho também cenário de participação das pessoas que militavam no Fórum de Jundiaí.
Enfim, todas as participações e encontros com Amorim eram de muita alegria e união, não só para as festas, mas para uma boa conversa franca, distraída e cordial.
Amorim deixou um grande legado – a razão de vivência amiga e fraterna –, que tenho certeza será mantido por todos nós, seus amigos aqui presentes, seus familiares e por todas as demais pessoas que com ele conviveram.
Agradeço emocionado a presença de todos”.