Pesquisa é realizada em Botucatu com participação da prefeitura e parceria da universidade britânica
Por Redação
O município de Botucatu será objeto de estudo sobre a efetividade da vacina Oxford-AstraZeneca, desenvolvida no Brasil pela Fiocruz. A pesquisa será liderada pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) com participação da prefeitura e parceria da universidade britânica.
Para o médico e servidor Carlos Magno Fortaleza, da Faculdade de Medicina da Unesp-Botucatu, o estudo é inédito no mundo, considerando a característica de médio porte da cidade. Ela está localizada a 240 quilômetros da capital paulista e tem cerca de 150 mil habitantes.
O trabalho foi aprovado no final de abril pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), ligada ao Conselho Nacional de Saúde (CNS), e será feito junto à Universidade de Oxford, do Reino Unido. Vão participar cientistas da Unesp, Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e Prefeitura de Botucatu.
Está prevista imunização em massa ainda neste mês, cuja meta é atingir a totalidade da população botucatuense em idade admissível para a vacina. Aproximadamente 80 mil pessoas com 18 anos ou mais devem compor o levantamento.
De acordo com Fortaleza, que é o principal pesquisador do estudo, o objetivo é verificar a real dimensão de como o imunizante se reflete na redução do número de casos, internações, inclusive em UTI, e mortes por Covid-19. Os resultados servirão de referência para outros países que aplicam a vacina.
METODOLOGIA
Conhecido como “estudo de vida real”, o método consiste em observar o impacto do imunizante por seis meses após a vacinação. “Todos os casos de coronavírus terão confirmação laboratorial e todos os vírus identificados serão sequenciados para identificação de variantes”, diz o médico.
Botucatu foi escolhida porque apresenta condições para esse tipo de trabalho. A população da cidade não é grande a ponto de inviabilizar a aferição em termos operacionais e há estrutura para imunização e laboratórios adequados.
A pesquisa terá três grupos de controle, que são conjuntos de habitantes usados para comparação com os imunizados: adultos não vacinados em municípios vizinhos, pessoas já alcançadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e menores de 18 anos residentes na cidade.
Os procedimentos do estudo foram desenvolvidos pela Unesp com a Universidade de Oxford e a Fundação Bill e Melinda Gates, instituição filantrópica criada pelo fundador da Microsoft. Os métodos seguem parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em entrevista ao Jornal da Unesp, o prefeito da cidade, Mário Eduardo Pardini (PSDB), afirmou que a pesquisa vai responder como a vacina da Fiocruz se comporta em relação às novas cepas que estão circulando no estado de São Paulo e no Brasil. “Botucatu passará a ser o centro das atenções do mundo acadêmico e científico.”
SETOR PÚBLICO
O estudo liderado pela Unesp ratifica a importância das instituições públicas no desenvolvimento da sociedade, assim como o trabalho de servidores. Este período de pandemia, que demanda pesquisa científica e criação de vacinas para conter a crise sanitária, prova o quanto o setor público é fundamental não só para o Brasil, mas para o mundo.
Fonte: Jornal da Unesp