Estudo com pessoas portadoras de doenças crônicas, como hipertensão e diabete, teve resultados promissores
Por Redação
Um experimento realizado durante seis semanas com pacientes portadores de doenças crônicas, como hipertensão e diabete, utilizou um aplicativo chamado Conemo (sigla para Controle Emocional) para tratar transtornos depressivos. A nova tecnologia auxiliou a reduzir em 50% dos sintomas de depressão nos participantes.
O Conemo, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP); do King’s College, de Londres; da Universidad Cayetano Heredia, no Peru, e da Northwestern University, nos Estados Unidos, com financiamento do National Institute of Mental Health (NIMH), faz uso de uma técnica da terapia cognitivo-comportamental, ou seja, sugere atividades diárias prazerosas ou significativas para os usuários.
O aplicativo foi instalado em celulares entregues aos pacientes de duas cidades, São Paulo (Brasil), onde o estudo contou com a participação de 20 unidades de saúde da família na Zona Leste do município, com 880 pacientes ao todo. Já em Lima (Peru), 420 voluntários participaram da pesquisa.
De acordo com reportagem de Bruna Irala, publicada no Jornal da USP, durante três sessões de 10 minutos semanais, os voluntários receberam explicações sobre os sintomas da doença que portam e sobre as formas que a depressão os atinge. Também foram convidados a escolher uma das atividades de rotina listadas no aplicativo, como ouvir música, fazer uma caminhada ou ligar para um parente, para ser realizada entre uma sessão e outra.
Após três meses de acompanhamento, em São Paulo, 159 pacientes que fizeram uso da intervenção digital apresentaram uma redução de 50% dos sintomas da depressão se comparado com outros 114 participantes do estudo que receberam apenas o tratamento de rotina, ou seja, acompanhamento clínico e uso de medicamentos, mas sem o auxílio do aplicativo e tiveram o mesmo resultado. A diferença de sucesso é 12% entre os grupos testados. Um resultado similar foi verificado em Lima, o uso do aplicativo trouxe 19% a mais de sucesso em comparação ao tratamento convencional.
Em entrevista para Irala, Paulo Rossi Menezes, que é professor de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e responsável pelo estudo disse que o aplicativo permite “ampliar o acesso de pessoas com doenças crônicas e sintomas de depressão a algum tipo de cuidado que possa melhorar a vida delas sem precisar recorrer diretamente ao especialista, psicólogo ou psiquiatra”.