Por Artur Marques, presidente da AFPESP
A Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo (AFPESP), presente na defesa dos direitos fundamentais da pessoa, independentemente de cor, gênero, nacionalidade ou classe social, e procurando intensificar a compreensão do princípio da igualdade pela sociedade, seja ela no seu aspecto material, seja no formal, comparece publicamente para rejeitar as manifestações do deputado estadual Arthur do Val (SP) relativamente às mulheres ucranianas, que, para ele, “são fáceis porque são pobres”.
Se aquele país, visitado pelo deputado, estivesse em paz com seus vizinhos, as declarações grosseiras do visitante já seriam marcadas pela estupidez, por serem violentas, discriminatórias, machistas, tudo o que não se espera de ninguém, muito menos de qualquer representante do voto popular, independentemente dos números de sua votação.
Mas aquele país está invadido pelo potencial militar de uma grande potência. Dor, sofrimento e lágrimas de mulheres, homens e crianças estão inundando a consciência do mundo, que não soube evitar, mas sabe como alimentar a discórdia e a morte em terreno alheio. E, quando esse território é envolto pelas orações de todas as religiões, eis que o representante brasileiro, em plena visita, como terceiro desaforado, retira do arquivo da maldade e da discriminação a violência verbal contra a pessoa, principalmente mulheres ucranianas, o que afronta as mulheres de todo o mundo.
Tão graves declarações nesse ambiente político de permissividades inesperadas mostra que um representante eleito pelo voto soberano, apesar de jurar cumprir, fielmente, a Constituição do Brasil, seus princípios, seus fundamentos, suas regras, coloca sua fé na impunidade, exercitando a ousadia de violá-la toscamente, como se estivéssemos na pré-história da experiência democrática. E o princípio e o fundamento do nosso pacto constitucional é justamente a dignidade da pessoa, valor ético-jurídico sagrado, que está no centro da construção da democracia.
A AFPESP, na pessoa do presidente Artur Marques, repudia veemente esse tipo de alienação verborrágica, escondida sob o manto da representação popular.