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SUS receberá nova tecnologia brasileira para tratamento do câncer de pele

Saúde
02 Agosto 2023
02 Agosto 2023

Terapia fotodinâmica não invasiva foi criada por cientistas do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo e se mostrou eficaz em estudos clínicos

Por Redação

O Sistema Único de Saúde (SUS) contará com uma inovação brasileira no diagnóstico e tratamento não invasivo ao carcinoma basocelular, o tipo de câncer de pele mais comum no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). A recomendação foi solicitada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) e espera confirmação do Ministério da Saúde para ser colocada em prática.

Trata-se de uma terapia fotodinâmica realizada por um dispositivo e técnica de aplicação desenvolvidos por cientistas do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF), um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e sediado no Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP).

O procedimento, de baixo custo operacional e fácil aplicação, tem dupla função, pois permite a realização do diagnóstico e do tratamento ao paciente no mesmo dia, dispensando a necessidade de cirurgias ou outros procedimentos mais invasivos e dolorosos. Além disso, ele pode ser utilizado em consultórios e ambulatórios simples, não demandando grandes instalações, o que facilita seu acesso ao público.

“A indicação para incorporação no SUS é uma grande conquista do IFSC-USP. Se concretizada, pelo nosso conhecimento, o Brasil será o primeiro país a oferecer a terapia fotodinâmica no sistema público de saúde. Esse resultado demonstra a importância do financiamento às pesquisas básica e aplicada, que contribuem para o desenvolvimento e implementação de novas tecnologias para a saúde”, ressaltou Cristina Kurachi, professora do IFSC-USP e uma das criadoras do método.

0802 Imagem interna Tecnologia Brasileira Cancer de PeleEquipamento utilizado na terapia fotodinâmica é desenvolvido pelos cientistas do IFSC-USP e fabricado pela empresa MM Optics, em São Carlos, São Paulo. Foto: divulgação/Cepof.

A tecnologia foi amplamente testada em 72 centros de saúde em todo o Brasil e em outros nove países da América Latina, revelando a sua segurança e eficácia em casos em que a intervenção cirúrgica não é recomendada.

No Hospital Amaral Carvalho de Jaú, em São Paulo, por exemplo, mais de 2 mil lesões de pacientes foram tratadas com o método. Os resultados dos ensaios clínicos indicam que o procedimento conseguiu eliminar cerca de 85% dos tumores sem causar efeitos colaterais significativos. Um novo protocolo, que utiliza duas aplicações da técnica em uma única sessão clínica, atingiu 93% de eliminação dos tumores.

A longo prazo, a terapia fotodinâmica também se mostrou eficaz. Os resultados de ensaios clínicos revelam baixo índice de recorrência do câncer após o tratamento e que o índice de cura da doença se mantém em 90%.

Como funciona o tratamento:

Primeiramente, o equipamento auxilia na identificação de toda a extensão das lesões e, em seguida, é aplicada uma pomada à base de metilaminolevulinato no local afetado. Após três horas de contato com a pele, o composto é absorvido e produz a protoporfirina no interior das mitocôndrias das células cancerígenas.

Após remover a pomada, a área é irradiada por 20 minutos por uma fonte de luz LED vermelha a 630 nanômetros, também integrada ao equipamento. Essa luz ativa a protoporfirina e desencadeia uma série de reações nos tumores, gerando espécies reativas de oxigênio capazes de eliminar as lesões, sem prejudicar os tecidos saudáveis.

Para acompanhar a resposta do tratamento, são obtidas imagens de fluorescência por meio do mesmo equipamento. O tratamento é realizado em duas sessões, repetindo o procedimento com um intervalo de uma semana entre elas. Após um mês, as lesões são submetidas à biópsia para confirmar a eliminação total do tumor.

Fonte: Fapesp

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