Além de promissora no desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas, adiponectina indica que problemas decorrentes da obesidade são tratáveis
Por Redação
Pesquisadores do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) descobriram ação dupla da adiponectina (um tipo de hormônio liberado pelo tecido adiposo) na preservação da função pancreática. Em pessoas magras ela protege as células beta, responsáveis pela secreção de insulina; e, em indivíduos com obesidade, reverte danos estabelecidos nesse tecido.
Em entrevista para Julia Moióli, da Agência Fapesp, a coordenadora do estudo e professora do Departamento de Bioquímica do IQ-USP, Alicia Kowaltowski, explicou: “Pela primeira vez, foi possível observar que níveis aumentados de adiponectina encontrados no plasma magro são responsáveis por preservar a função das células beta. Em obesos, o hormônio conseguiu reverter 100% dos danos – um dos efeitos científicos mais marcantes que já observei.”
A pesquisa, publicada na revista Aging Cell, torna a adiponectina um potencial alvo terapêutico já que possui a capacidade de modular a função das células beta. “A adiponectina em si não pode ser usada em tratamentos porque se trata de uma proteína já presente em grande quantidade no organismo, diferentemente da insulina. Porém, indica uma nova via para a qual podem ser desenhadas novas moléculas terapêuticas”, explicou Kowaltowski.
Obesidade
A descoberta indica que problemas decorrentes da obesidade são tratáveis. Também evidencia que para melhorar o tratamento da obesidade é importante: encontrar mecanismos moleculares envolvidos tanto no excesso de gordura corporal quanto a sua ligação com outros problemas de saúde, já que se trata de uma doença multifatorial; entender que a ocorrência da obesidade em homens e mulheres se dá de maneiras diferentes e levar em consideração que a doença é acompanhada por um estigma, ou seja, os pacientes sofrem com a discriminação direcionadas a eles por causa de seu peso e características físicas.
Fonte: Fapesp